domingo, 5 de abril de 2020

Voo

Em plena insanidade me pego a voar sobre celestial cidade, penso com pensamento apenso, meio
atormentado e desatento: 
Será um sonho da mais alta realidade?
Mentira ou verdade?
Neste momento também revejo meus pensamentos recheados de amores e tormentos, e concluo:
A vida às vezes é sonho, às vezes pesadelo. Não devo nada questionar sobre o desenrolar deste
mavioso novelo, tampouco, soprar a chama desta santa novela, pois, o grande lance é voar, velejando
sobre doce brisa qual a mim me avise: Deixe de ser burro e aproveite esse vôo livre do qual devo tirar
esse chapéu, para que haja um voo incrível, contemplando somente essa paz, deixe de questionar,
fazendo guerra como a efêmera vida que em si se encerra quando se desfaz na terra.
Ao ouvir Beethoven não sei o que é que houve quando se ouve um estrondo rotundo advindo do mais
profundo, além do  fim do mundo, muito rápido quando me vejo sobre sagrado céu de anil.
Com abismal calma me pergunto:
Será que minha vida querida desfaleceu após morte batismal? 
Enquanto, aqui ouço o glorioso Bolero de um cara chamado Ravel. Essa melodia noite e dia
acompanha moribundos santos ou imundos à caminho dos céus quais cada um sua porta abre,
sendo céu do amor ou céu das cabras.
Já com Piazzola e sua arte bandoniônica e irônica faz quebrar minhas molas ao dançarilhar um tango
diferenciado ao olhar esbulhado de Gardel afrancesado, sentado bem aqui ao meu lado a bocejar
seu resmungo afinado em total reclamação, mirando ao Cartola o qual num cantarolar se enrola. Com
esse time me vejo morto e revolto apesar de sublimar sublime paz local.
Porém, vou além: Não me ache otário e redundante o bastante, pois, se essas palavras não existiam
agora é só botá-las no dicionário ou numa página de jornal.
O papo está muito bom, mas tenho de ouvir outro canto no meu velho recanto, pois, espero acordar
vivo e solto e mais santo.

Volto a sonhar a vida de meros mortais.



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