Rojão,
o cão de estimação
O
fiel cão: Rojão não tinha medo do trovejar. Ao passares por aquela
encruzilhada poeirenta, ou lamacenta, notarás uma caprichada cruz
benta, que o tempo já a entortou, pela natural tormenta a qual tanto
a atormentou. Feita em madeira de lei. Igual ao coração de quem a
fez com delicadeza de tamanha e indescritível tristeza, e à lei se
autocondenou. Foi de morte sangrenta, que o cão de Juarez, teve por
sorte cinzenta a sua própria estupidez. Ao atirar numa caça; no
Rojão acertou. Foi acidentalmente, desculpa da morte daquele que
sente, do amigo inocente do qual a vida tirou. Quanta dor que existe
num coração triste, que ama ardentemente um grande amigo. Há quem
chame um homem mau de cão, e isso é um insulto, uma enorme
ingratidão. Ainda bem que o bicho não entende a nossa língua, e
com sua santa língua vem lamber essa pútrida íngua, que muitas
vezes um osso a ele negou.
Descanse
em paz, amigo Rojão.
jbcampos
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